quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O outro de FHC é FHC


Garimpamos quatro pequenos vídeos com duas entrevistas de FHC: Uma no Brasil, outra no exterior.
O Príncipe das socialites, em inglês, não consegue mascarar o desconforto de comparar seu governo com o do Presidente Lula. Desconversa, tenta vencer pela verborragia, dá informações absoluntamente contraditórias, tenta mostrar-se como o FHC articulado, sociólogo da Sorbone, mas não tem jeito - o outro FHC também é FHC.
Já a entrevista co m Jõ Soares seria uma conversa de comadres não fosse a língua infeliz do tucano. Confira

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pelo corte dos gastos públicos (com os interesses privados)


Miriam Leitão, Bóris Casoy, o Estadão, a Folha de São Paulo e as empesas Globo, a Veja e Isto É são euforicamente consensuais quando o assunto é corte de gastos públicos. Os comentaristas e âncoras das empresas de comunicação têm intensificado a repetição do mantra redução de gastos do governo apontando para redução de investimentos em infraestrutura e setores sociais - a velha fórmula neoliberal.

Não comentam os bilhões já liberados para os bancos privados que são os únicos a nunca perderem nas sucessivas crises econômicas pelas quais o país passou.
Não citam sequer uma linha sobre a renúncia fiscal do governo federal que possibilita ao Itaú, a privatizada Vale, HSBC, Unibanco e outras empresas produzirem projetos culturais nem sempre voltados para as camadas com dificuldade de acesso a esse direito social. Basta ver onde são realizados os eventos ITaú Cultural, em São Paulo, do HSBC, em Curitiba e por aí afora.

O governo demo-tucano do prefeito-governador-presidente José Serra faz pior; reduz a arrecadação do ICMS das grandes empresas a título de incentivo à concorrência (leia-se guerra fiscal). Com isso, as universidades públicas paulistas ficam na dependência das famigeradas fundações, verdadeiros mistérios quanto aos destinos do financiamento e pesquisa por elas capitaneadas. A Adusp - Associação dos Docentes da USP, tem até um Dossiê Fundações que sequer foi citado quando as empresas de comunicação e entretenimento do país denunciaram o reitor da Unb. O motivo é um só: o silêncio em torno das administrações demo-tucanas de São Paulo.

Outra fonte de gastos milionários com dinheiro público é a publicidade institucional. Os governos de todas esferas deveriam rever contratos e critérios para contratação de serviços de mídia. Milhões são absorvidos por poucos latifundiários da comunicação. A líder de captação desse tipo de verba no país são as empresas Globo, mas convenientemente não sugerem cortes nessa área.

Assim como a hipócrita postura dos neoliberais ao reverenciar o estado mínimo somente nos momentos lucrativos e cobrar do Estado o ressarcimento dos prejuízos, os mercenários da pena como Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, da muitas vezes desmoralizada Veja, não contrariam o interesse dos patrões, mas são verdadeiros prodígios para adjetivar negativamente os programas sociais e o investimento em educação por exemplo.

Tributação de fortunas, mudança nos critérios de reforma fiscal, mudança nos critérios e preços dos contratos de propaganda institucional, redução de juros e principalmente mudança na política econômica voltada para atender o cassino financeiro, cortaria os gastos públicos em bilhões, mas isso não estará no Jornal Nacional nem na Veja.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

War for Votes


Os EUA estão tentando requentar a Guerra Fria. A intervenção militarista em várias regiões do mundo, as provocações à China e Rússia, a promoção do terrorismo de Estado e a total violação de vários tratados internacionais demonstram isso claramente.

Com a maior dívida externa do mundo e uma economia que se aproxima do colapso, o governo estadunidense tenta reiniciar uma nova corrida armamentista. Acreditam que podem superar suas dificuldades no campo político-econômico ao reeditar a mesma tática usada contra o bloco soviético durante quase quatro décadas.
Os obstáculos, no entanto, são muito maiores porque o mundo está mais multilateral, ou seja há mais países que interferem relevantemente no cenário global.

Mesmo com as eleições às portas, a retórica da administração Bush não muda o rumo. Acreditam que assim possam arrancar votos para o candidato Macain, representante mais obívio dos partidários da carnificina como negócio.
Ataques à Síria e Paquistão parecem mais uma provocação aberta do que a desmoralizada tática de
guerra contra o terrorismo, maior ficção bélica dos EUA desde a derrota no Vietinã. Bush,

Macain, e companhia torcem por um atentado, uma ameaça de Bin Laden para poder causar uma guinada nos votos. Um paradoxo repetido pela direita ianque: para defender a pátria é necessário antes atacá-la. O mundo torce para que o estadunidense médio não se deixe levar por esse medo forjado, como em outras vezes.
Os povos do Iraque, Sudão, Líbia, Síria, Etiópia, Iêmen, Afeganistão, Paquistão, Colômbia agradecem.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Manifesto da Mídia Livre


Em maio deste ano, no Rio de Janeiro, reuniu-se o Fórum da Mídia Livre com o principal objetivo de democratizar o acesso à informação no país e criar alternativas ao monopólio das empresas jornalísticas no Brasil. O fórum lançou o manifesto abaixo e o Ruminemos compartilha e adota as opiniões contidades nele.


Manifesto da Mídia Livre

Pelo fortalecimento da mídia livre, por políticas públicas democráticas de comunicação e pela realização da Conferência Nacional de Comunicação

Brasil, outubro de 2008.

O setor da comunicação no Brasil não reflete os avanços que ao longo dos últimos trinta anos a sociedade brasileira garantiu em outras áreas. Tal conjuntura é uma das responsáveis pelo não crescimento democrático do país, impedindo que se torne socialmente mais justo.


A democracia brasileira precisa de maior diversidade informativa e de amplo direito à comunicação. Para que isso se torne realidade, é necessário modificar a lógica que impera no setor e que privilegia os interesses dos grandes grupos econômicos.

Não é mais possível aceitar que os movimentos sociais, protagonistas de muitos dos nossos avanços democráticos, sejam sistematicamente criminalizados – sem defesa, espaço ou meios para responder –, pela quase totalidade dos grupos midiáticos comerciais. Não se pode mais aceitar que, numa sociedade que se almeja democrática, apenas as idéias e informações ligadas aos interesses políticos e econômicos de pequenos grupos tenham expressão pública. Tal cenário nega o direito de todas e todos a ter acesso ao contraditório, violando o direito à informação dos cidadãos.

Um Estado democrático deve assegurar que os mais distintos pontos de vista tenham expressão pública, situação tão distante da realidade em nosso país. No Brasil, menos de uma dezena de famílias controla a quase totalidade dos meios de comunicação, numa prática explícita de monopólios e oligopólios – que seguem sendo realidade, embora proibidos pela Constituição Federal.

Ainda segundo a Constituição, deve-se criar um amplo e diversificado sistema público de comunicação, produzido pelo público, para o público, com o público. Um sistema que ofereça à sociedade informação jornalística e programação cultural-educativa para além da lógica do mercado, sintonizadas às várias áreas do conhecimento e à valorização da produção regional e independente.

Por fim, um Estado democrático precisa defender a verdadeira liberdade de expressão e de acesso à informação, em toda sua dimensão política e pública. Um avanço que acontece, essencialmente, quando cidadãs e cidadãos, bem como os diversos grupos sociais, têm condições de expressar suas opiniões, reflexões e provocações de forma livre, e de alcançar, de modo equânime, toda a variedade de pontos de vista que compõe o universo ideológico de uma sociedade.


Para que essa luta democrática se fortaleça, apresentamos a seguir propostas debatidas e aprovadas entre os cerca de 400 participantes do 1° Fórum de Mídia Livre, realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro nos dias 14 e 15 de junho de 2008.


Ficam estabelecidos os seguintes compromissos:


1. Promover uma campanha e mobilização social pela democratização das verbas publicitárias públicas, com a realização, entre outras, das seguintes ações:


- Desenvolvimento, pelo Fórum de Mídia Livre e organizações parceiras, de critérios democráticos e transparentes de distribuição das verbas públicas que visem à democratização da comunicação e que se efetivem como legislação e políticas públicas


- Proposta de revisão dos critérios e “parâmetros técnicos de mídia” (tais como custo por mil etc.) utilizados pela administração pública, de forma a combater os fundamentos exclusivamente mercadológicos e viabilizar o acesso a veículos de menor circulação ou sem verificação


2. Contribuir na promoção de outras políticas públicas de incentivo à pluralidade e à diversidade por meio do fomento à produção e à distribuição;

3. Cobrar do Executivo federal que convoque e dê suporte à realização de uma Conferência Nacional de Comunicações nos moldes das conferências de outros setores já realizadas no país.


4. Lutar pelo estabelecimento de políticas democráticas de comunicação, na perspectiva de um novo marco regulatório para o setor que inclua um novo processo de outorga das concessões, a democratização e universalização da banda larga e a adoção do padrão nacional nos sistemas brasileiros de TV e rádio digital, além do fortalecimento das rádios comunitárias.


5. Criar uma ferramenta colaborativa que reúna diversas iniciativas de mídia livre e contemple a diversidade de atuação dos veículos e dos midialivristas, em formato a ser aprimorado nos próximos meses pelo grupo de trabalho permanente e aprovado no próximo Fórum de Mídia Livre;

6. Mapear as diversas iniciativas da mídia livre visando o conhecimento sobre a realidade do setor e o reconhecimento dos diversos fazedores de mídia;

7. Propor a implementação de pontos de mídia, como política pública, integrados e articulados aos pontos de cultura, veículos comunitários, escolas e ao desenvolvimento local, viabilizando, por meio de infra-estrutura tecnológica e pública, a produção, distribuição e difusão de mídia livre;

8. Buscar espaços para exibição de conteúdo produzido por movimentos sociais na TV pública;

9. Incentivar a consolidação de redes de produtores de mídia alternativa, a começar da comunicação interna (listas de discussões) e externa (portal na web) dos próprios integrantes do Fórum de Mídia Livre, que deve funcionar como rede flexível, difusa e permanente;

10. Estimular a criação e fortalecimento de modelos de gestão colaborativa das iniciativas e mídias, com organização não-monetária do trabalho, por meio de sistemas de trocas de serviço.

Em função destes compromissos, nos propomos a:

— realizar encontros de mídia livre em todos os estados brasileiros no segundo semestre de 2009;

— realizar um Fórum de Mídia Livre de alcance Latino-Americano ou mundial em Belém, às vésperas do Fórum Social Mundial, em janeiro de 2009;

— realizar no 2º semestre de 2009 o II FML Brasil, com indicativo de Vitória (ES) como sede;

— somar-se às entidades de luta pela democratização na luta por uma conferência ampla, democrática e descentralizada, passando a integrar a Comissão Pró-Conferência Nacional de Comunicação;

— envolver os movimentos sociais nas ações pelo fortalecimento da mídia livre;

— agendar em âmbito federal, estadual e municipal reuniões com o Poder Executivo, Legislativo e Judiciário para apresentar as reivindicações tiradas no Fórum;

— criar o selo Mídia Livre para estar em todos os veículos, blogues etc. que se identificam e reconhecem como mídia livre;

— realizar ato público de rua em Brasília, com pauta e mobilização conjunta com outros movimentos da comunicação e outros movimentos sociais, articulado com a entrega do manifesto aos três poderes, como parte de semana de mobilização que contará também com ações de guerrilha midiática e viral.

Fórum de Mídia Livre

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A TV a cabo te U.S.A

Quando a TV a cabo chegou ao Brasil havia a promessa de liberdade do telespectador. Filmes alternativos, programas de qualidade, barateamento das assinaturas, jornalismo crítico sem a urgência pautada pelo ibope das novelas das sete e das nove. Tudo isso sem precisar suportar constantes interrupções dos comerciais.


Dezoito anos depois das primeiras concessões da TV por assinatura no país, praticamente todas as promessas foram descumpridas. Há uma oferta maior de canais, mas é acessivel a poucos que podem pagar os preços abusivos praticados pelas operadoras.

Multiplicidade de canais sem variedade de opções, é essa a situação das transmissões brasileiras de TV por assinatura atualmente.


Alías, é um equívoco falar em transmissão brasileira: mais de 90% da programação tem origem nos Estados Unidos. Seriados, jornalismo, talk shows, filmes, animação, documentários e outros tantos programas de qualidade duvidosa são produzidos por um único país com todo seu preconceito, consumismo e desprezo pelo resto do mundo.

Quando há excessões, elas são geralmete européias. Nada de América Latina, Caribe, África e Ásia. Boas produções nacionais estão principalmente nos canais educativos, que são abertos com forte participação estatal.

As empresas Sky e Net determinam cerca de 80% do que é transmitido nas Tvs por assinatura no Brasil e não querem abrir mão disso. Oferecem um arremedo de produção de vídeo nacional e sequestram a possibilidade do país de se conhecer, explorar suas semelhanças e diferenças.

A TV a cabo te U.S.A sem a menor hesitação em todos os apectos; culturais, históricos, estéticos, econômicos, filosóficos e até eleitorais. Nesse último caso há um paradoxo - não transmitem a mesma propaganda gratuida do TRE mas praticamente fazem isso com as eleições para presidente dos EUA.

Neste momento de falência do modelo neolibera,l aTV paga mostra-se anacrônica e fora da realidade nacional porque trata a insolvência do sistema financeiro como se fosse gerado por geração espontânea. Não há uma retrospectiva apontando o epicentro para o famigerado Consenso de Washington, não há um mea culpa por ter vendido a ilusão da prosperidade para os povos caso se submetessem à "liberdade do capital globalizado".

A mudança das maravilhas da globalização estruturada em um mercado financeiro cada vez mais lucrativo e artificial para uma das piores crises econômicas dos últimos 80 anos parece apenas uma troca de canal ou a estréia de um seriado novo.

Não é coincidência que qualquer rumor de regulamentação do setor toma proporções de catástrofe para os defensores da "liberdade" das operadoras de TV por assinatura. Arrogam-se no direito de nos empurrar o máximo de enlatados, cobrando preços exorbitantes, investindo o mínimo além de transmitir a mediocridade deu projeto de mundo caduco.
São violentos também contra a TV Pública por esta assumir propostas diferentes das redes privadas acostumadas a manter um monopólio voltadas pra interesses de grupos restritos.

Deixamos muitoclaro que não nos posicionamos contra a TV por assinatura. Somos contra uma TV monolítica que U.S.A o espectador e por isso convidamos para uma reflexão que aponte para uma programação plural no âmbito nacional e internacional para haver uma real liberdade de escolha.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Fim da longa noite dos generais


O reconhecimento, pela justiça paulista, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) como torturador, anuncia a possibilidade de encerramento de uma hipocrisia histórica: a anistia aos agentes do terror estatal-militar de 1964 a 1984.

A redemocratização do política do Brasil não ficará completa enquanto torturadores assassinos gozarem de liberdade e não responderem por seu crimes.
O silêncio sobre a tortura, os assassinatos e os massacres promovidos pela ditadura militar vai além da angústia das famílias diretamente afetadas, diz respeito às gerações presentes e futuras que não podem tolerar a perpetuação da barbárie como algo cotidiano.
Condenar os covardes do regime militar será um poderoso recado contra a tortura em delegacias de polícia, contra o abuso autoritário daquele que se esconde atrás de uma farda ou cargo policial.

Não se pode conviver pacificamente com carniceiros pois seria o mesmo que lhes dar razão pela sua prática no passado, garantir a impunidade de seus atos e dar-lhes a possibilidade de retomar os mesmos métodos em algum momento de nossa história.
O coronel Ustra é a prova viva da violência de uma mentalidade senhorial das elites que ainda consideram a sociedade dividida em casa grande e senzala.

O processo contra o coronel e o reconhecimento da Guerrilha do Araguaia, por um soldado do exército que combateu contra ela, abrem um precedente para trazer à luz os arbítrios dos generais com apoio explícito ou velado de empresas, meios de comunicação e políticos hoje "democratas" de carteirinha.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A "exuberância irracional" do capitalismo








Lá...

Alan Greenspan sabia o que estava dizendo ao comentar sobre o artificialismo da economia baseada na especulação da bolsa de valores. Denominou de "exuberância irracional" o alto rendimento financeiro da roleta econômica de Wall Street porque os ganhos não correspondiam à produção de bens da chamada economia real.
Apesar da constatação, Greenspan não mudou a política do FED enquanto estava na direção do banco central mais poderoso do mundo. Continuou a financiar empresas sem lastro monetário, sustentou o belicismo da doutrina Bush e aplicou a receita neoliberal de lucro máximo em tempo mínimo.
O ex-dirigente do FED, qual personagem de uma tragédia grega, agiu como dirigido pelo destino inevitável traçado pelos oráculos: apesar da desgraça anunciada, manteve seu rumo inalterado.
No entanto, não foram os deuses que derramaram sua fúria sobre o sistema econômico globalizado, foi o próprio capitalismo em mais uma crise cíclica.
O discurso único dos analistas econômicos e da grande imprensa neoliberal sofreu um abalo considerável ao comentar as consequências da queda das bolsas. No início, falaram em ajuste do mercado mas a medida que instituições financeiras de renome faliam, passaram a pedir intervenção estatal.
A política de lucros privados e prejuízos públicos nunca foi tão escancarada no cenário internacional da era Reegan-Thatcher.
...e cá
No Brasil, apesar de inevitavelmente sofrer influência das ondas da recessão estadunidense e européia, a situação mostra-se diferente daquelas de crises dos anos 90. A realidade é outra porque há uma independência maior em relação ao capital instável do mercado financeiro. Isso não significa que estamos imunes à destruição de postos de trabalho que fatalmente ocorrerá no exterior mas, por enquanto, há possibilidade de alternativas ao extremo empobrecimento dos brasileiros provocado por pacotes das gestões Collor/FHC.
Os jornalões nacionais, sucursais das surcursais estrangeiras, anunciaram o apocalipse da economia local e do governo. Fazem coro ao arauto da elite miami-vice, Fernando Henrique Cardoso, que exige sua parte em bilhões de dólares, como estão fazendo banqueiros e especuladores estrangeiros. E o povo? O povo que pague a conta. É a lógica da "exuberância irracional" do capitalismo.