quinta-feira, 25 de novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A necessária desprivatização da palavra

Após a conclusão do segundo turno, paralelamente à discussão da composição do governo Dilma, os meios de comunicação também devem ser discutidos amplamente pela sociedade.

A falsa premissa de intocabilidade das empresas de comunicação deve ser combatida com a divulgação das deliberações da Conferência Nacional de Comunicação realizada em 2010.

A regulamentação da concessão dos limites legais, éticos e do necessário usufruto público deve ser estabelecido para os setores da comunicação, sejam da telefonia, rádio, tv, internet e imprensa escrita, ou para conglomerado que une todos juntos, como absurdamente acontece no Brasil.

Por três vezes, em oito anos, os brasileiros se negaram a ouvir a intensiva tentativa de desqualificação de uma experiência inédita na vida republicana do país  um operário líder de um governo democrático e socialmente comprometido que concluí o mandato e ajuda a eleger uma sucessora, fato inaugural em nossa história.

Ainda assim, por três vezes não diminuiu a ofensiva com um arsenal que vai de sucessivas acusações sem provas, sugestão de golpe, ressuscitação de temas da ditadura militar, insuflação de preconceitos, tudo isso temperado com a mais grosseira manipulação de dados e sob a hipocrisia de liberdade de expressão, como já comentamos aqui. (http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=3547&id_coluna=68)


Para mesquitas, frias, civitas, marinhos, dantas e seus repetidores acéfalos a palavra não passa de mercadoria e por isso acham perfeitamente natural vendê-la a quem garantir o caráter privado dos conteúdos publicados. O interesse ideológico é claramente associado ao comercial, como demonstram as sempre muito bem documentadas denúncias do blog http://namarianews.blogspot.com/, que revelam as relações dos demo tucanos paulistas e a mídia dependente.

Apesar da derrota pela terceira vez consecutiva, as empresas de comunicação dão sinais que continuarão com sua a política de porta vozes do pensamento direitista brasileiro, na verdade, subalternos dos neocon estadunidenses em um cenário internacional.

Os mercenários do teclado, do vídeo e da voz, após a confirmação da Vitória (com letra maiúscula mesmo) de Dilma, passaram a falar da futura oposição e procuraram minimizar sua fragorosa derrota em uma autodeclaração de isenção de todo processo difamatório da qual foram participantes e incentivadores.

O desserviço à democracia, à liberdade de expressão e à estabilidade política deve ser contestado por políticos, personalidades progressistas e principalmente pelo movimento popular. Um levantamento, mesmo superficial, das manchetes dos últimas vinte anos indicará a detratação dos três poderes republicanos, do movimento popular e de qualquer personalidade fora do perfil de celebridade fútil a ponto da participação política soar como obscenidade.

Somente regimes autoritários se beneficiam com o conceito de transformar uma mentira em verdade, custe o que custar, até mesmo defender o indefensável; o déspota esclarecido FHC.

O direito à palavra

Nestas eleições, o acesso à internet foi fundamental para confrontar e desmentir a avalanche de meias verdades e mentiras completas divulgadas pelos conglomerados de comunicação. Jornalistas, intelectuais, estudantes, sindicalistas e líderes de vários segmentos contaram com blogs, vídeos e documentação para fazer frente a antes incontestável “grande imprensa”.

Mas isso não basta: há de se garantir o direito à palavra aos mais diversos setores desse país de dimensões continentais; desmontar a lógica da espetacularização e da difamação inconsequente produzidas pelas empresas de comunicação. Isso é possível sem censurar uma única palavra, revendo os contratos de publicidade governamentais, democratizando o acesso à banda larga, barateando os equipamentos de produção de áudio e vídeo, ampliando a concessão de rádios e tvs comunitárias, mudando a estrutura dos cursos de jornalismo e, principalmente, proibindo a formações de cartéis através do artifício das “afiliadas”.

Feridos em seus interesses, as bestas do verbo já recomeçaram suas ameaças. Repetem o comportamento violento dos que tiveram seu poder contestado e perdido ao logo da história − as monarquias feudais, as “company” estadunidenses, os barões do café, a elite paulista e agora os latifundiários da palavra.

Nos últimos oito anos conquistamos o direito de comer, morar, estudar, participar politicamente e agora conquistaremos à informação e à construção de nossa imagem, sem a intermediação dos cadernos de cultura e novelas globais. Que a mediocridade e a truculência fiquem restritas aos limites da daslu.