sábado, 22 de março de 2008

A mão invisível do mercado


Os defensores do neo liberalismo econômico sempre argumentaram que os Estados não deveriam regulamentar o mercado de capitais para que este se desenvolvesse em sua plenitude. Qualquer tentativa de conter a ação de especuladores financeiros era tida como golpe contra a iniciativa privada e a força do crescimento das riquezas.
Fortunas foram formadas sem a contrapartida da capacidade produtiva real, alimentando a chamada bolha especulativa, equivalente do dito popular "construir castelos na areia".
Toda década de noventa e cerca de um terço da primeira década deste século, foi marcada pela grita dos defensores do do tal mercado livre clamando pela independência do Banco Central brasileiro.
Ironia das ironias, as bolhas especulativas estão estourando, ou melhor, os castelos estão se dissolvendo com o avanço do mar da inadiplência. Há vários pedidos de intervenção estatal no mercado financeiro para, como já ruminamos nesse espaço, socializar os prejuízos. Pedidos que parte de instituições que acumularam lucros estratosféricos enquanto boa parte do mundo sofria restrição de investimento público para não desafiar as sagradas leis de oferta e procura do capital volátil.
A atual crise financeira, cujo epicentro é Wall Street, é o clássico caso dom mentiroso que passou a acreditar na própria mentira. O maior deles, Alan Greenspan, sustentou a irracionalidade que destruiu ou dificultou a capacidade produtiva de muitos países (inclusive do próprio) em nome do dinheiro virtual.
Luis Nassif, em seu blog, escreve uma nota intitulada A herança de Greenspan que resume como os analistas econômicos do Tio Sam acordaram do longo sono embalado pela paradoxal economia mais rica e mais endividada do mundo. O que se apresenta desse despertar é um imenso abismo de mais uma crise cíclica do capitalismo.
Mas na teorização sobre a liberdade dos mercados há realmente algo de correto: existe uma mão invisível que regula os capitais. como ninguém a viu, nós encomendamos aqui uma versão artística, caso ela fosse visível.

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