domingo, 23 de março de 2008

Liberdade de imprensa ou de empresa?


Os conceitos de liberdade e verdade, segundo a lógica do capitalismo, não passam de mercadorias a serem compradas, vendidas, reproduzidas segundo os moldes de quem detém os meios para isso.
À liberdade e à verdade atribui-se então, direitos autorais, valor agregado, controle de qualidade e exclusividade de produção sem transferência de tecnologia.
Inseridas na dinâmica desse pensamento, a chamada grande imprensa, melhor dizendo, a grandes empresa de comunicação, clama pela sua liberdade de expressão mas nega o mesmo direito aos outros.
Nunca a imprensa do país teve tanta liberdade de expressão e nunca essa liberdade foi tão abertamente obscurecida pela indústria das meias verdades e mentiras inteiras.

Espelhadas no jornalismo belingerante do newmarcartismo da era Bush, as empresas de comunicação perderam a objetividade e a pluraridade de opiniões, uma vez que a imparcialidade sempre foi um mito usado para dar um ar de equilíbrio à publicações explicitamente tendenciosas.
Frustradas por não conseguir derrubar um governo democraticamente eleito e com apoio popular, a chamada grande imprensa voltou-se para suas entranhas instaurando um clima de terror. Muitos jornalistas que ainda não haviam sido coaptados pelo pensamento único da direita estadunidense, ou se juntaram ao coro dos golpistas ou se acovardaram.
As poucas vozes dissonantes desse meio estão abertamente sendo perseguidas, mas isso tem saído caro para os detratores como no caso da revista Veja, desmascarada documentalmente pelo jornalista Luis Nassif.
Paulo Henrique Amorim é a mais nova vítima dessa guerra declarada à liberdade de discordar. Sua demissão do portal IG foi no estilo Big Brother (o livro, não o achincalhe global) mas não passou despercebida por aqueles que mantêm uma visão crítica da mídia, como evidencia o artigo de Alberto Dines publicado no portal Vermelho.
Acostumados a não ter contestada a sua versão dos fatos, as grandes empresas de comunicação tentam reverter a perda de credibilidade anunciando aos quatro ventos que a liberdade de expressão está sendo tolhida.
O que sabemos todos é que nas entrelinhas pode-se ler a revindicação de total liberdade à empresas com vínculos no mercado financeiro e nas megacorporações que se acham acima dos Estados.
Nem nos EUA, país que se autodetermina "mundo livre" a chamada grande imprensa ousa tanto como aqui.
O ponto positivo dessa situação é que alternativas aos mamutes da comunicação estão surgindo. O momento é rico para reflexão, ainda que os papas das editorias nos ameacem com a condenação à fogueira midiática.

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