quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A "exuberância irracional" do capitalismo








Lá...

Alan Greenspan sabia o que estava dizendo ao comentar sobre o artificialismo da economia baseada na especulação da bolsa de valores. Denominou de "exuberância irracional" o alto rendimento financeiro da roleta econômica de Wall Street porque os ganhos não correspondiam à produção de bens da chamada economia real.
Apesar da constatação, Greenspan não mudou a política do FED enquanto estava na direção do banco central mais poderoso do mundo. Continuou a financiar empresas sem lastro monetário, sustentou o belicismo da doutrina Bush e aplicou a receita neoliberal de lucro máximo em tempo mínimo.
O ex-dirigente do FED, qual personagem de uma tragédia grega, agiu como dirigido pelo destino inevitável traçado pelos oráculos: apesar da desgraça anunciada, manteve seu rumo inalterado.
No entanto, não foram os deuses que derramaram sua fúria sobre o sistema econômico globalizado, foi o próprio capitalismo em mais uma crise cíclica.
O discurso único dos analistas econômicos e da grande imprensa neoliberal sofreu um abalo considerável ao comentar as consequências da queda das bolsas. No início, falaram em ajuste do mercado mas a medida que instituições financeiras de renome faliam, passaram a pedir intervenção estatal.
A política de lucros privados e prejuízos públicos nunca foi tão escancarada no cenário internacional da era Reegan-Thatcher.
...e cá
No Brasil, apesar de inevitavelmente sofrer influência das ondas da recessão estadunidense e européia, a situação mostra-se diferente daquelas de crises dos anos 90. A realidade é outra porque há uma independência maior em relação ao capital instável do mercado financeiro. Isso não significa que estamos imunes à destruição de postos de trabalho que fatalmente ocorrerá no exterior mas, por enquanto, há possibilidade de alternativas ao extremo empobrecimento dos brasileiros provocado por pacotes das gestões Collor/FHC.
Os jornalões nacionais, sucursais das surcursais estrangeiras, anunciaram o apocalipse da economia local e do governo. Fazem coro ao arauto da elite miami-vice, Fernando Henrique Cardoso, que exige sua parte em bilhões de dólares, como estão fazendo banqueiros e especuladores estrangeiros. E o povo? O povo que pague a conta. É a lógica da "exuberância irracional" do capitalismo.

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