sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Fim da longa noite dos generais


O reconhecimento, pela justiça paulista, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) como torturador, anuncia a possibilidade de encerramento de uma hipocrisia histórica: a anistia aos agentes do terror estatal-militar de 1964 a 1984.

A redemocratização do política do Brasil não ficará completa enquanto torturadores assassinos gozarem de liberdade e não responderem por seu crimes.
O silêncio sobre a tortura, os assassinatos e os massacres promovidos pela ditadura militar vai além da angústia das famílias diretamente afetadas, diz respeito às gerações presentes e futuras que não podem tolerar a perpetuação da barbárie como algo cotidiano.
Condenar os covardes do regime militar será um poderoso recado contra a tortura em delegacias de polícia, contra o abuso autoritário daquele que se esconde atrás de uma farda ou cargo policial.

Não se pode conviver pacificamente com carniceiros pois seria o mesmo que lhes dar razão pela sua prática no passado, garantir a impunidade de seus atos e dar-lhes a possibilidade de retomar os mesmos métodos em algum momento de nossa história.
O coronel Ustra é a prova viva da violência de uma mentalidade senhorial das elites que ainda consideram a sociedade dividida em casa grande e senzala.

O processo contra o coronel e o reconhecimento da Guerrilha do Araguaia, por um soldado do exército que combateu contra ela, abrem um precedente para trazer à luz os arbítrios dos generais com apoio explícito ou velado de empresas, meios de comunicação e políticos hoje "democratas" de carteirinha.

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